06 junho 2013

Sobre Aborto.

Bem, sou muito a favor das causas feministas. Depois que tive filho ainda mais, pois pude sentir na pele como é ser mãe solteira, morar sozinha num mundo completamente machista. Vi ainda que o preconceito é algo muito presente na sociedade atual.

Mas uma das bandeiras que as feministas levantam sobre o aborto eu não consigo ser a favor: o aborto.

Posso começar aqui com as minhas crenças religiosas. Sou espírita e pra mim um ato desses atenta contra a ordem do universo como um todo, daquele feto, que deveria ter vindo ao mundo e da mulher que deveria ter dado permissão a aquela existência que iria se iniciar. Dentro da crença espírita, posso ainda citar que todos nós viemos a terra com uma programação de vida, tipo um contrato, para que a existência, esta permitida por Deus, seja proveitosa. Assim sendo, abortando não se está cumprindo com a sua parte do acordo. Tem espíritos que escolhem sofrer, para quitar débitos muito grandes, para a evolução. Será que um filho "indesejado" não faz parte do que se escolheu fazer, mesmo sofrendo, para acabar com aquela dívida que foi adquirida? Por isso mesmo que sei que não devemos de forma alguma julgar um outro ser, por que nunca se sabe o que foi feito no passado e o preço a ser pago no presente. Deus não é mau, não é vingativo. A gente que erra, nasce imperfeito, tem que arrumar toda essa bagunça e reencarna por que deus nos permite fazer isso. Posso ainda falar que o espírito que vai encarnar se prepara pra aquele momento e está lá desde os primórdios das divisões da célula , ligado, ainda que no inicio seja de uma forma menos forte, com aquele corpo físico em formação.

Pode não ser a sua crença, mas eu acredito fortemente nisso. Não sou nenhuma entendida da doutrina, deveria até estudar mais, falo pelo que eu já li e assim entendo.

Pensando ainda em mim e na minha situação sou contra o aborto por que eu acho que toda mulher tem o direito de se prevenir, tomar pílula, colocar DIU, implante, ficar sem fazer sexo, tomar pílula do dia seguinte, usar camisinha. TODO mundo sabe o que método milenar pra engravidar é deixar o coelhinho visitar a toca. Então, sabendo disso, quem faz sexo sem se prevenir, está assumindo o risco de engravidar. Da mesma forma que acho que a pessoa que dirige embriagado está assumindo o risco de matar outra pessoa e deve ser condenado por homicídio doloso. Abortar por falta de responsabilidade com o ato sexual é o mesmo que não escolher lidar com as consequência das nossas escolhas. As mina vai lá, esquece de tomar a pílula, dá tudo o que tem, depois engravida e vem querer abortar por que é nova, por que não tem condições financeiras e psicológicas. #asminapira. Só que não, né?

 (psiuu! não conta pra ninguém que eu adoro entrar na toca. kkk)

Acho que o direito sobre o corpo não te dá o direito de acabar com outra vida, que está lá dentro. O nosso direito termina quando o do próximo começa. E eu sei que ai está a briga. Que até as 12 semanas, não há vida. Pra mim não, eu acho que há vida sim. desde o momento que começou a divisão celular, tanto por questões religiosas quanto por questões que pra mim são lógicas. Como uma massinha de células pode dar início ao outro ser humano se lá não há vida?

Temos o direito de fazer sexo com quem quisermos, andar com a roupa que achamos melhor, não ser estuprada por usar roupas curtas, tomar a pílula, não menstruar, amamentar em público ou decidir não amamentar, ter parto domiciliar, hospitalar, ruar o onde eu bem entender, trabalhar e ganhar o mesmo salário que os homens. Isso tudo pra mim é feminismo, mas abortar já não tem nada haver com isso. Olha, eu também não sou expert na questão feminista, conheço por alto e simpatizo MUITO com ela, não estou aqui falando mal de nenhuma forma da causa, ok?

Sobre as falhas dos métodos anticoncepcionais, sério que alguém acredita nisso?  Ah, meu método falhou, agora eu vou abortar. Será mesmo que falhou? Fazendo uma comparação, sabia que a maioria dos acidentes de avião são causados por falha humana? Exatamente isso que acontece com os métodos contraceptivos. Se métodos não fosse praticamente 100% seguros, você acha que eles estariam no mercado? Será que não teriam milhões de pessoas processando os laboratórios? Mais seguro ainda é combinar dois métodos, camisinha + qualquer outro método hormonal. Posto de saúde distribui gratuitamente pílula anticoncepcional, camisinha, PDS, DIU.

Falo ainda por mim, tive a opção de abortar meu filho quando fiquei grávida, mas decidi não fazê-lo. Me arrependo? Não. Tem momentos que eu pensava que o melhor teria sido abortar. Falo que pensava por que eu passei por uma depressão pós-parto muito grande. Eu superei e estou aqui, batalhando e MUITO pra criar o Oliver sozinha. Ele definitivamente não tem culpa de nada. Por que na minha lógica das coisas fui eu que escolhi tê-lo (em todos os sentidos, por ter tido a visita do coelhinho da páscoa antes da hora, por não ter abortado). Hoje não tenho um lar nos moldes sociais mais aceitáveis. Sou mãe solteira sem a presença de um pai, mas iai? Vou lutar para que meu filho tenha o melhor da vida, o melhor de mim e se ele tiver algum problema por não ter um lar "totalmente estruturado e ajustado" (isso é uma besteira na verdade, quem foi que criou esse parâmetro de família?), a gente procura um médico pra ajudar a tratar. Dá pra levar uma vida pensando no que meu filho vai se traumatizar? Não.

Ainda sobre outras questões: ter o direito de abortar no caso de estupro. Temos antes que analisar essa nossa sociedade. Por que o homem se acha no direito de estuprar uma mulher (não tô falando no caso de psicopatas, tipo daqueles que são doentes)? Por que o homem acha que só por que uma mulher tá com uma saia curta está escrito na testa (ou na bunda...) que ela quer transar? Por que o homem acha que uma mulher bêbada pode ser violentada? Por que um homem acha que só por que a mulher foi na casa dele, ela tem que fazer sexo? Isso primeiro deveria ser tratado nas coletividades. Tá, isso vai demorar pra acontecer, nesse meio tempo, muita mulher foi estuprada e engravidou, ok. Posso falar apenas por mim, certo? (no sentido que eu não sei o tamanho da dor de uma mulher violentada grávida e não menosprezo isso) Tive um filho que não foi fruto de uma relação normal/regular e na gravidez eu até que não entendia como poderia amar incondicionalmente (eu amava, mas não era incondicional-maior-que-o-mundo) aquela coisinha que tava lá dentro. Hoje não consigo nem dizer o quanto amo ele. E olho pra ele e não lembro dos problemas da gravidez, do meu corpo que ficou feio, dos problemas com o pai, de nada, olho pra ele e vejo um ser que precisa ser amado. Soube separar uma coisa da outra, depois de penar um pouco, óbvio, e até hoje eu peno pra não misturar os meus problemas com as minha relações. Eu acho, veja bem, eu acho que uma mulher que fica gravida de um estuprador, depois de ter a cria, deve te esse mesmo sentimento, uma coisa é uma coisa e outra é outra. "Nada pode apagar o sofrimento de uma mulher violentada; e uma mulher violentada que termina grávida, ao abortar, terá de conviver com dois sofrimentos: o de ter sido violentada e o de cometer uma violência muito pior ao privar o próprio filho ou filha de viver."

Sobre a legalização do aborto para acabar com clinicas clandestinas de aborto, eu até acho válido, porém cai lá na primeira coisa que eu disse, prevenção.

Então é isso, é sempre melhor prevenir do que remediar.


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